Alguns indivíduos usam uma ampla variedade de drogas, dependendo de sua disponibilidade. Já outros escolhem sua droga de preferência pelas suas propriedades farmacológicas específicas, ou sem significado social (por exemplo, o álcool é visto como “coisa de homem”, enquanto a cocaína é associada a grupos de aceitação e atividade sexual). A cocaína pode ser usada como estimulante, assim como as anfetaminas. Em contraste, os barbitúricos, benzodiazepínicos e o álcool são escolhidos por seus efeitos relaxantes e desinibidores. Alucinógenos são procurados por alterarem a consciência. A razão para se começar a usar álcool e/ou drogas é para alcançar o prazer e ser aceito no grupo, além da crença de que a droga poderá melhorar a eficiência e realçar a criatividade.
Como se dá a transição do uso recreacional para o regular?
Com o tempo, fatores adicionais contribuem para se chegar à dependência da droga, como alívio para a ansiedade, tensão, tristeza, o que provoca a crença de que se suporta melhor o estresse da vida com o uso das drogas ou álcool. Pessoas que enfrentam adversidades são mais propensas a se tornarem adictas do que outras. Além disso, pessoas que têm baixa autoestima sentem-se muito melhor sob o efeito das drogas. O maior problema do uso da droga é que ela passa a controlar o indivíduo, tirando dele o controle sobre sua vida. Todos os seus objetivos são subordinados ao uso da droga. O surgimento de problemas internos e externos caracteriza a adicção.
O uso compulsivo de drogas depende de fatores pessoais e sociais, como foi o caso dos soldados norte-americanos na Guerra do Vietnã, onde usavam drogas livremente e em grande quantidade. Na sua volta à casa só continuaram o uso aqueles que já o faziam anteriormente. São citados também os pacientes tratados com opióides, para o alívio da dor, como do câncer e que, raramente, experimentaram a euforia, ou desenvolveram a dependência psíquica, ou adicção pelos seus efeitos narcóticos – que demonstra que a adicção não é um processo meramente biológico. A maior diferença entre os adictos dos usuários casuais é que os adictos valorizam a droga acima de tudo, enquanto os usuários casuais priorizam família, ocupação, recreação e segurança econômica.
Por que não parar se as drogas e/ou álcool criam problemas?
Os adictos são pessoas que têm dificuldades em parar com o uso, pois, se tiveram início voluntário, o mesmo não acontece na hora de
parar, porque eles não conseguem, ou não querem isso. Os problemas são minimizados, ou creditados, a outros fatores que não o uso da droga. Quando os problemas aumentam, os usuários tornam-se ambivalentes quanto à decisão de parar, pesando vantagens e desvantagens. Um fator de manutenção do uso é que não suportará os efeitos da retirada da droga. Esses efeitos, porém, variam muito de pessoa para pessoa e também de acordo com a substância usada, uma vez que esse impacto é muito realçado psicologicamente. O maior obstáculo para eliminar o uso é a rede social disfuncional a que o indivíduo pertence. O fim da relação das drogas, ou o álcool, é visto como a privação da satisfação e uma ameaça ao bem-estar do indivíduo, como exemplificado nas frases: “Perderei meus amigos”, “Não serei feliz”. Outros acreditam que são incapazes de se controlar: “Não consigo parar”. Desde que acreditem nisso, eles terão mais dificuldades em abandonar o vício.
Dr. Nasser H. M. Reda – CRM 62.859 | NIT 113.282.995.67
Orientações e
adequações nutricionais específicas para dependentes químicos
(UNIFESP/EPM)